Bate-Bola com o Ambientalista André Lazaroni

Bate-Bola com o Ambientalista André Lazaroni

André Lazaroni, é advogado e ambientalista e anteriormente conhecido como André do PV, foi Deputado Estadual 4 vezes deputado estadual e possui mais de 30 leis aprovadas, presidiu as comissões de Defesa do Meio Ambiente, de Obras Públicas, de Educação, de Emendas Constitucionais e Vetos, Constituição e Justiça e o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

UH - Como você acha que a sociedade, de uma forma geral, enxerga a política hoje?

André Lazaroni - Vivemos um cenário bastante difícil, com grande parte da população descrente a respeito da importância de se participar efetivamente da vida política, seja como eleitor ou mesmo buscando uma filiação partidária que possa até levar a uma candidatura.

Infelizmente, por uma série de fatores que, historicamente, vem ocupando as manchetes dos principais veículos de comunicação, foram criadas gerações de pessoas que passaram a ver na política um setor no qual só participavam pessoas interessadas em tirar proveito pessoal de cargos e outras situações.

Esse é um cenário muito nocivo para qualquer sociedade. Precisamos mudar isso, e mostrar para as pessoas que a política é importante e necessária, que há, sim, excelentes políticos em atividade e que todos devem buscar participar desse processo, de uma forma ou de outra.

 

UH - E como faz para mudar essa percepção que as pessoas costumam ter da política?

André Lazaroni - Isso é um trabalho que não depende apenas de nós, políticos. É claro que temos uma grande responsabilidade, que é a de fazer política com responsabilidade, criando resultados e dando bons exemplos. Isso é o básico.

Mas é preciso, também, que seja realizado um forte trabalho de educação, desde o início dos primeiros anos escolares, mostrando aos jovens qual o verdadeiro valor e papel da política e as consequências de se praticar uma política séria, que, de fato, consiga trazer benefícios para a sociedade e enxergar suas demandas a curto, médio e longo prazos.

Essa formação em política precisa estar presente também nas comunidades, nos centros de convivência, nos locais onde haja condições de educar também a população já adulta, que precisa entender seus direitos e deveres, e o papel exercido pela política nessa história. Inclusive, escrevi um livro chamado “Defenda-se”, que reúne todos os direitos e deveres da populaçnao de forma didática, e também sou autor de uma lei que obriga as escolas estaduais do Rio de Janeiro a incluir na grade curricular matérias que digam respeito à formação cidadã. Importante não confundir educação política com a prática da política partidária.

São coisas completamente diferentes. Falo de mostrar, de forma didática, o que é a política, qual a sua importância e de que maneira alguém deve se preparar para entendê-la e praticá-la. Essa consciência política é fundamental para que um povo saiba se colocar e se defender de qualquer aventureiro que tente se apoderar da política para atender aos seus próprios interesses.

 

UH - De certa forma, quem demoniza a política e os políticos, não tem alguma razão, diante de tantos casos de escândalos e descaso que temos visto na mídia?

André Lazaroni - Sim e não. Sim, quando as pessoas tomam conhecimento de casos de corrupção, de utilização da máquina pública em benefício próprio, do uso de um cargo no Executivo ou no Legislativo para atender a interesses de minorias sem representatividade, mas com grande poder aquisitivo. Isso nos causa asco. E, infelizmente, esses casos são os que mais se sobressaem na mídia. Mas é preciso que as pessoas também conheçam o lado bom.

O lado do político sério, que faz da atividade política, de fato, uma ferramenta de construção de uma sociedade mais justa e eficiente, que trabalha pelos menos favorecidos, que usa as verbas públicas com responsabilidade.

Esse político existe, nós existimos, mas não temos espaço na grande mídia. Não quero aqui culpar a imprensa, é claro que não. Mas, como disse, todos têm responsabilidade na hora de se buscar valorizar a política como um setor importante e que deve contar com mais participação popular.

Muitas vezes, quando um político pratica um ato importante em benefício da sociedade, isso não vira notícia. Pois, deveria virar. Estamos precisando não apenas de bons exemplos, mas também da divulgação desses bons exemplos.

 

UH - O que você diria para um jovem que, hoje, diz que não vai votar em ninguém e que jamais entraria para a política?

André Lazaroni - Em primeiro lugar, eu diria que, mesmo sem saber, esse jovem já pratica a política todos os dias. Isso porque a prática política não se dá apenas no ambiente partidário, com ela é mais conhecida.

Nós fazemos política diariamente com nossa família, com nossos amigos e até com desconhecidos nas ruas. Quando um adolescente quer chegar mais tarde em casa no dia de uma festa, por exemplo, precisa negociar isso com os pais. Precisa argumentar, convencê-los de que ele vai estar seguro, de que não vai pegar carona com gente que ingeriu bebida alcoólica.

Enfim, há toda uma negociação. Isso é fazer política. E depois que esse jovem se tornar adulto e vier a se casar, ele vai fazer política com a esposa, na hora de escolher para onde sair, qual programa de TV assistir, qual a melhor maneira de criar os filhos. Na verdade, quando nos expressamos na política da vida, do cotidiano, é como se estivéssemos depositando nosso voto na urna, se formos comparar com a política eleitoral.

Fazendo essa correlação, quero mostrar aos mais jovens como é importante votar, dar sua opinião, ajudar a decidir quem você quer que te represente no Parlamento, no Governo. Não votar numa eleição é o mesmo que, num casamento, você deixar que sua esposa, marido, filhos ou mesmo as visitas façam o que bem entenderem na sua casa. Se você não quer isso para usa casa, acredito que também não queira para o seu bairro, a sua cidade, o seu estado e o seu país.

Essa é a importância de se participar da política, por meio do voto ou se filiando a um partido e tornando-se candidato. A política sempre nos acompanhou, sempre nos acompanhará e sempre será importante para definir os rumos da nossa vida. Portanto, nós já praticamos a política. E a política partidária é apenas uma parte que completa essa nosa história.

 

UH - No seu caso, o que te fez entrar para a política?

André Lazaroni - No meu caso, eu vi minha mãe, Dalva Lazaroni, fazendo política partidária desde quando eu era muito jovem. Ela foi uma das fundadoras do PV e, junto dela, eu cresci convivendo com um monte de gente boa, como o Gabeira, por exemplo, pessoas que tinham ideais e lutavam por eles. Minha mãe me ensinou a boa política e me mostrou como nós podemos fazer a diferença na vida das pessoas.

A partir disso, percebi que isso era uma vocação para mim. Mas eu jamais fiz da política uma profissão. Fui para a faculdade, me formei em direito, me especializei em direito ambiental e hoje tenho meus negócios. Não dependo da política partidária para me sustentar.

Mas jamais deixei de praticá-la. Tenho muito orgulho do que fiz até aqui, das leis que consegui aprovar e que fazem a diferença na vida das pessoas, dos projetos de inclusão que implementei e que formaram grandes profissionais das artes e do esporte, por exemplo.

Enfim, o que eu digo para as pessoas é que elas precisam conhecer a política mais de perto. No meu caso, convido os jovens a se filiarem ao PV, uma casa partidária que eu conheço e confio, e onde sei que existem pessoas sérias, interessadas, de fato, na formação de políticos honestos, competentes e alinhados com as boas causas da sociedade.

É claro que há outros partidos igualmente sérios, mas eu só posso falar por mim. No meu caso, minha casa é o PV e quero convidar todos a entrar nesse refúgio da política brasileira, que está de portas abertas para quem quiser conhecer e praticar a boa política.

Por Ultima Hora em 27/07/2022
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