Cannabis: De fármaco à droga; de droga à medicamento - Parte 01

A trajetória e os papéis representados por esta espécie vegetal, desde a remota história da humanidade até os dias atuais.

Cannabis: De fármaco à droga; de droga à medicamento - Parte 01

Introdução:

Antes de iniciarmos esse debate é pertinente que atenhamo-nos aos conceitos e definições relevantes, a fim de guiar as discussões e delimitar o espectro do assunto em questão.

Droga é qualquer substância que cause alguma alteração no funcionamento do organismo por ações químicas, com ou sem intenção benéfica e, podem ser empregadas como ingredientes em variadas indústrias, como nas químicas, farmacêuticas e de tinturaria. Têm origem diversificada, podendo vir dos três reinos (animal, vegetal e mineral).

Fármaco, é uma droga que tem uma estrutura química já definida e, após submetida a estudos, têm  conhecidos os seus efeitos no organismo. Tem como finalidade o uso para um efeito benéfico no organismo.

Medicamentos são produtos feitos a partir de fármacos que têm como objetivo um efeito benéfico. São produzidos para fins comerciais com finalidade terapêutica. Essa produção tem seus processos de produção supervisionados por um farmacêutico, além de ser regida por normas e ter sua fabricação controlada da pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

O que é a Cannabis?

A Cannabis é uma planta herbácea, da família das canabiáceas e, é uma espécie nativa da Ásia Central e Meridional,  é representada por  três tipos de plantas do gênero Cannabis, a  Cannabis sativa;  a Cannabis indica  e a  Cannabis ruderalis, além de muitas combinações (cruzamentos) entre elas.

A  Cannabis  sativa  é  uma  planta  herbácea  pertencente  à  família  das  canabiáceas (Cannabaceae) semeada em vários países do mundo.  As folhas são recortadas em segmentos  lineares;  as  flores  são  unissexuais  e  quase  imperceptíveis,  possuem pêlos  granulosos,  sendo  que,  as  femininas  expelem  uma  resina;  o  caule  tem  fibras industriais,  chamadas  cânhamo;  e  a  resina  tem  propriedades  psicoativas,  com efeitos analgésico,  sedativo,  antiemético,  antiespasmódico,  calmante estomacal, narcótico,  sedativo, tônico. O principal produto comercializado,  hoje em dia, é a maconha, considerada ainda ilegal em muitos países do mundo.

A  Cannabis indica  é uma planta da família das  Cannabaceae. Essa espécie selvagem foi identificada pelo biólogo francês Jean-Baptiste de Lamarck,  em 1785.  A  Cannabis indica  havia sido classificada 32 anos antes por Carolus Linnaeus,  em 1753. A  Cannabis  indica  tem  estatura  mais  baixa  que  a  Cannabis  sativa,  com  muitos ramos,  agrupados de uma forma mais compacta,  mais cônica ou piramidal, além de  possuir  folhas  mais  largas.  Ela  tem  maiores  concentrações  de  CBD  do que a  Cannabis sativa  (que tem mais THC em relação ao CBD em sua composição química).

A Cannabis ruderalis  é uma subespécie de  Cannabis sativa, com floração diferenciada,  original da Rússia,  podendo ser encontrada em estado selvagem por toda a Europa Central e Leste.  O termo “Ruderalis”, origina-se de “ruderal”, utilizado para ervas daninhas que brotam ao lado da estrada. Por esse motivo, recebeu o nome de “erva ruim” pelos produtores.  As plantações ruderalis podem ser  facilmente  encontradas  nos  Estados  Unidos  e  Canadá,  onde  existe  o  comércio e a produção de cânhamo por meio das fibras deste tipo de  Cannabis.

Partes da Cannabis

Características

Sementes

Das sementes se extrai um óleo vegetal com uma das fontes nutricionais mais ricas do  mundo,  alto teor de proteína, potássio,  manganês,  fósforo,  magnésio,  vitaminas E e  A,  enzimas,  Ômegas 3 e 6,  alto teor de fibras e propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias,  e baixos níveis de gorduras saturadas e colesterol.

Brotos/flores

Nos brotos/flores são achadas grandes quantidades de tricomas (parte psicoativa - THC),  usadas na vaporização,  para usos recreativos e medicinais.  Possuem maiores quantidades de canabinoides se comparados às folhas,  caule e raízes.

Folhas com tricomas

Folha com tricomas são aquelas mais próximas às flores,  por isso acabam sendo  ‘’tricomadas’’.  Elas são muito valorizadas na culinária,  e possuem altos níveis de canabinoides e terpenos,  constituindo-se em uma excelente opção para produção de manteiga cannabica e diversas extrações.

Folhas maiores

As folhas maiores não têm efeitos psicoativos,  sendo uma excelente opção para sucos de clorofila,  vitaminas e chás aromáticos.

Caule

O caule possui fibras muito resistentes,  utilizadas na confecção de tecidos,  redes e cordas.  Na época da colonização, as velas e cordas das caravelas eram feitas dessa fibra.  Hoje,  é possível produzir folhas de papel,  bioplástico,  peças automotivas/aeronáuticas e pranchas de skate,  surf e  snowboard.

Raízes

As raízes são utilizadas na fabricação de pomadas dermatológicas e protetores labiais.  Quando secas e moídas,  servem como um pó anti-hemorrágico,  e quando cozidas,  como anti-inflamatório.

Solo

O solo pode ser curado,  readubado e reaproveitado em outro substrato.  A  Cannabis  pode extrair poluentes do solo e recuperar áreas contaminadas.

A história da Cannabis no mundo e no Brasil.

A Cannabis, teve seus primeiros registros em 27.000 a.C, já o consumo humano da cannabis teve início no terceiro milênio a.C. e seu uso atual é voltado para recreação ou como medicamento, além de também ser usada como parte de rituais religiosos ou espirituais.

A Cannabis tem sua origem no Afeganistão e era também utilizada na  Índia em rituais religiosos ou como  medicamento. Os asiáticos cultivaram cannabis a partir de pelo menos 6.000 anos atrás, mas apenas para consumir as sementes oleosas das plantas e fazer roupas e cordas de fibras de cannabis.

A Cannabis também era conhecida pelos antigos assírios, que descobriram as suas propriedades psicoativas por intermédio dos povos arianos.

A cannabis tem uma antiga história de uso ritual e é encontrada em cultos farmacológicos em todo o planeta. Sementes de cânhamo descobertas por arqueólogos em Pazyryk (um conjunto de tumbas encontradas nas Montanhas Altai, na Sibéria) sugerem que práticas cerimoniais antigas, como comer sementes, foram usadas pelos citas e ocorreram durante os séculos quinto e segundo a.C., confirmando relatos históricos anteriores feitos por Heródoto.

O cultivo da planta iniciou-se na Índia e mais tarde foi para a Mesopotâmia, seguindo depois para o Oriente Médio,  Ásia,  Europa e África. 

Evidências da inalação de fumaça de cannabis são encontradas desde o terceiro milênio a.C, como indicado por sementes carbonizadas de cannabis encontradas em um braseiro usado em rituais em um antigo cemitério na atual Romênia.

Na  mitologia,  a  Cannabis era a forma preferida do deus Shiva de se aproximar da divindade.  No budismo, diz-se que antes de Buda alcançar a iluminação, ficou seis dias comendo apenas uma semente de Cannabis por dia e nada mais.

Para romanos e gregos,  a planta era utilizada na fabricação de tecidos,  papéis, cordas,  palitos e óleo. 

O pai da História,  Heródoto,  relata a utilização do cânhamo, presente no caule da planta, para fazer cordas e velas de navios. 

No Brasil,  velas e cordas das caravelas portuguesas que chegaram aqui eram feitas de cânhamo, assim como as próprias roupas usadas pelos portugueses. Possivelmente trazida por marinheiros portugueses, além dos africanos, que traziam-na  escondida nas barras  dos  vestidos e nas tangas, para ser usada nos rituais de religiosos.

A Cannabis tornou-se um dos principais produtos agrícolas europeus durante a Renascença,  e era pouco usada como entorpecente.

Na América do Sul,  ela foi trazida pelos invasores europeus, sendo que suas primeiras plantações aconteceram no Chile, pelos espanhóis.

Ela é a droga ilícita mais popular do mundo.

A Cannabis tornou-se em um dos principais produtos agrícolas europeus durante a Renascença, e era pouco usada como entorpecente.

A obra mais famosa de Johannes Gutemberg, a primeira bíblia impressa, foi feita com papel de cânhamo.

 

Dr Eduardo Macedo Bernardes - Médico

 

 

Dra.Patricia Azevedo Janoni

Diretora Técnica da Clínica Embjanoni Especialista em Medicina Ortomolecular Integrativa e Saúde da Longevidade, Dermatologia clínica/Estética e Cosmiátrica, Perícia Médica e Medicina do Trabalho.

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Por Dra. Patrícia Janoni em 15/05/2021
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