Carnaval com apagão é filme velho

Todos os anos moradores da Região Serrana sofrem com a falta de luz, com a lentidão do serviço de emergência e com as mesmas desculpas furadas.

Carnaval com apagão é filme velho

Não bastasse passarmos mais um início de ano olhando pro céu o orando para que as chuvas que castigam a nossa região serrana todos os verões não venham para causar alagamentos, deslizamentos e toda uma gama de estragos, e coisa até pior - Deus nos livre - ainda temos que conviver com um outro velho conhecido da nossa população, o apagão de carnaval.

Só nos primeiros dias de Carnaval, segundo a operadora dos serviços de energia elétrica, a Enel, foram mais de 2,4 mil atendimentos somente na região. Em algumas localidades de Petrópolis, em São José do Vale do Rio Preto e em Areal, há bairros inteiros sem luz desde o início do sábado.

Segundo a Enel, o problema se deu em função das fortes chuvas que caíram na região nos últimos dias.

De tão “padrão” esta justificativa, pode até parecer razoável, e é, o motivo para tantas ocorrências, afinal, choveu mesmo, e muito na região. Porém, choveu como sempre chove, desde que se tem registros, choveu como se esperava que choveria, como se previa e, é exatamente por se prever, que a justificativa da Enel, além de uma mera satisfação, é um atestado de incapacidade.

Os mais antigos vão lembrar que, desde os tempos da CERJ ou, no caso de alguns municípios, das cooperativas de energia, dos quais não se tem saudade alguma, temos problemas de interrupção do abastecimento, especialmente nesta época do ano, justamente, em função das chuvas. Não é novidade.

Aliás, era a garantia de um serviço mais amplo, bem-planejado e eficiente que sustentou toda a narrativa de defesa da privatização do setor que, justiça seja feita, trouxe alguns avanços.

É o famoso melhorou, mas continua ruim.

Portanto, seja quem for a responsável, público ou privado, não é razoável que se deixe dezenas – ou quem sabe até centenas – de milhares de pessoas sem abastecimento por tanto tempo e, muito menos, justificar esta evidente falha na qualidade do serviço, a um fator que, por mais que seja, muitas vezes, inevitável, a história já provou, é totalmente previsível.

 

Por Leonardo Vasconcellos - A Voz da Serra em 19/02/2023
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