Cultura, Pedagogia, Psicanálise e Polarização

Por Silvia Blumberg

Cultura, Pedagogia, Psicanálise e Polarização

Quando se fala em desigualdades e educação em geral, há pouco consenso sobre as metodologias ideais que possam fazer a diferença de forma significativa.

Há muitas teorias sobre modelos de alfabetização que poucos conhecem, pois não é tema popular e deveria ser prioridade de conversas e debates para minimizar o impacto que há de um povo pouco letrado e com sérias dificuldades de praticar o pensamento crítico.

Há divergências quando as pessoas pensam em priorizar modelo educacional voltado para o pobre e para o oprimido, os quais sentem as barreiras que os impedem de ascender financeiramente e quebrar os ciclos que se encontram.

No lugar de oferecer oportunidade de pensamento crítico e de crescimento nas relações humanas, paz e desenvolvimento se adotam políticas preconceituosas e questionáveis como instrumentos de fortalecimento de conflitos das classes sociais, ampliação das diferenças. 

Em geral, pessoas ou empresas prósperas são apontadas como responsáveis pelas desigualdades, mesmo que cumpram com todos os protocolos previstos em leis para suas práticas industriais, comerciais e/ou de serviços.

Fui professora por alguns anos e segui métodos que valorizavam a cultura da criança, suas habilidades e ainda sua imaginação com variedades de contos, jogos e atividades esportivas que estimulassem cooperação e convivência.

Sempre que possível envolvíamos famílias e comunidades  para viabilizar interação e transformações comportamentais e sociais de impacto.

Ideias que compartilho com Freire.

 Paulo Freire pregava a Educação como libertadora, tinha como objetivo maior de seus ensinamentos construir consciência política de seus alunos. 

Seus ensinamentos são apreciados por estudiosos de várias partes do mundo.

  • A questão é: só existe uma verdade de consciência política? 
  • Pensamento crítico pode ter integração de ideias e pensamentos? 
  • O que é libertação?
  • É apenas a consciência política?
  • Provocação de guerras ideológicas? 
  • Há possibilidades de convergências? 

Tenho grande admiração pela Logosofia:

“A logosofia (do grego λ?γος - logos = palavra, verbo e σοφ?α - sophia = sabedoria, ciência original) é uma escola ou um método de ensino desenvolvido pelo pensador e educador humanista Carlos Bernardo González Pecotche, que busca oferecer ferramentas de ordem conceitual e prática para obter o autoaperfeiçoamento, por meio de um processo de evolução consciente que conduz ao conhecimento de si mesmo.”

Estabelece que os pensamentos são autônomos e independentes da vontade individual, e que nascem e cumprem suas funções sob a influência de estados psíquicos ou morais, próprios ou de outrem. Tem como finalidade libertar as faculdades mentais das influências sugestivas, para que o indivíduo, pensando melhor, compreenda os verdadeiros objetivos da vida.

Pretende com isso, estimular os alunos para que sejam pessoas cada vez melhores e mais conscientes de seus atos, palavras e sentimentos. Segundo sua diretora do Colégio Logosófico de Brasília: “Trabalham todos os conteúdos como nas outras escolas, só que não focam apenas no cognitivo, mas também na parte moral e espiritual do ser humano”.

Fonte: Wikipédia 
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Logosofia#:~:text=A%20logosofia%20(do%20grego%20%CE%BB%CF%8C%CE%B3%CE%BF%CF%82,obter%20o%20auto%20aperfei%C3%A7oamento%2C%20por

No nosso país há quase unanimidade sobre a Pedagogia do Oprimido relativa às teorias e práticas de Paulo Freire. 

Prof. Paulo Freire, um grande humanista, pensava a Educação como libertadora.

 “Paulo Freire acreditava que era possível que homem deixasse de ser oprimido, a partir do momento em que ele conseguia fazer uma leitura crítica do mundo. Ele acreditava na educação como uma prática para a liberdade, onde a alfabetização não se separa da conscientização” 

Fonte: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo/ 2023 Dircelene Melo Vandelli 

Sim! Não há como discordar que Educação pode libertar o homem.

O problema é que de uns tempos para cá os posicionamentos relativos à educação são categorizados se é de tal ou tal partido! Não há diálogo, não há tolerância e não há negociações fundamentadas em ciências para embasar as divergências e minimizar a polarização.

O caminho do meio de ideias múltiplas, de conjunção de opiniões e diversidade das linhas de pensamentos se encontram inviáveis.

A independência econômica é pré-requisito para autonomia, liberdade e para se atingir relações verdadeiramente democráticas.

Na era da tecnologia estão sobrando vagas de trabalho aqui no nosso país. 

É tempo de conhecer diversidade de teorias, técnicas e experiências educacionais que façam a diferença na formação e informação de nossos jovens, em especial de afrodescendentes e indígenas.

Nosso país é um exemplo de polarização extrema. 
Temos desigualdades históricas e estamos passando por conflitos de ideologias que estão difíceis de mediar.

Investimos bilhões em Educação e as transformações sociais  não se mostram eficazes.

Em 2023 o Brasil investiu mais de 9 bilhões somente na Educação Básica.

Qual a posição do país no ranking internacional de Educação dentre 81 países:

Leitura: 53° 
Ciências: 61° 
Matemática: 65° 

A cultura de controlar e medir os resultados de nossos investimentos na área educacional ainda não tem mecanismos que nos demonstrem seus resultados para estudos e análises.
E ainda temos desvios de recursos significativos que não chegam nos alvos desejáveis.

E na falta de argumentos e de ações efetivas que mudem nossa trajetória do fracasso educacional, político e econômico seguem as recomendações de aplicar as teorias deste ou daquele 
pensador(a), as quais isoladamente se mostram insuficientes para combater as desigualdades.

As polarizações máximas estão ameaçando desde os relacionamentos familiares, lideranças e afetam nossa democracia.
 A realidade nos mostra que é preciso educar acompanhando inovações, tecnologias e mercado de trabalho. 

Fundamental conhecer diferentes modelos, pesquisas, experiências científicas e integrar todos aqueles que respondam às necessidades dos jovens para romper os ciclos da violência e da pobreza. 

Guerra de narrativas não educa, não emprega e não transforma! 
O caminho do meio sempre é o ideal!

Por Ultima Hora em 16/01/2024
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