Quanto custa aos municípios não investir no esporte?

Resultados comprovados na melhoria da saúde, educação e inclusão social não têm sido suficientes para que os Municípios deem a importância devida às politicas públicas voltadas ao esporte

Quanto custa aos municípios não investir no esporte?

Cidades que investem no esporte melhoram seu desempenho em educação e saúde. Esta é uma máxima que, apesar de haver poucos estudos sérios sobre o tema, consiste em uma fórmula dada, já testada e comprovada por diversos municípios brasileiros ao longo dos anos. E não é por negar os benefícios, ou desconhecê-los, que os municípios, através de seus gestores, em via de regra, não realizam investimentos mais robustos em políticas públicas de promoção do esporte.

Na verdade, muitas vezes, o cobertor curto das finanças e a falta de um bom planejamento orçamentário, costumam ser os fatores que acabam condenando à condição de secundárias, ações de secretarias como cultura, turismo e, sobretudo, esporte. Este é, sem dúvida, um grave erro.

Uma simples consulta aos orçamentos dos municípios da região serrana do Rio mostra, por exemplo, que salvo uma ou outra exceção, praticamente todas as cidades reservam menos de 1% do total de seus recursos para investir no esporte.

Apesar de alguns movimentos indicarem um caminho contrário, como em Petrópolis onde, recentemente, a Prefeitura anunciou um aumento de 78% no orçamento dedicado à promoção do esporte para 2023, o que se vê, em regra, é muito pouca gente nas esferas de poder tratando do assunto com a importância que merece.

Aliás, mais preocupante ainda é notar que, em muitos casos, o que se vê em algumas cidades, além da falta de perspectiva de avanço, é um retrocesso nas políticas de fomento ao esporte.

Um bom exemplo é Teresópolis que, se no início dos anos 2000, era um município referência do estado em ações de inclusão através do esporte amador e, também, no incentivo ao esporte profissional, hoje, duas décadas depois, dentre as maiores cidades da região serrana, é a que destina o menor percentual do seu orçamento às políticas voltadas ao esporte.

Um desmonte que se, por um lado, pode ser atribuído às muitas crises pelas quais a cidade atravessou ao longo deste tempo, políticas e financeiras, por outro, nenhuma delas é desculpa suficiente para justificar o baixo investimento que temos hoje.

Já é mais que conhecido o estudo da UNESCO que diz que cada dólar investido no esporte representa uma economia de três dólares em ações de saúde, assim como sabemos que, desde 1988 no Brasil, promover a prática de esportes é um dever do estado, previsto no artigo 217 da Constituição Federal.

Assim sendo, quer pelo viés do benefício, inclusive econômico, quer pela obrigação legal, o que fica evidente é que, em relação ao investimento em esporte, estamos indo na contramão da lógica, da boa gestão, do interesse público e, sobretudo, do nosso próprio dever.

É preciso rever isso, e já.

Por Leonardo Vasconcellos - A Voz da Serra em 07/03/2023
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