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Debate une escritores que somam investigação jornalística e relato biográfico e reforçam o papel social da literatura
A presença do escritor, dramaturgo e jornalista Marcelo Rubens Paiva, autor do internacionalmente famoso Ainda estou aqui e da colunista, repórter, escritora e apresentadora Juliana Dal Piva, autora de Crime sem Castigo: como os militares mataram Rubens Paiva leva para a edição de maio do Clube de Leitura CCBB 2025 a discussão sobre literatura e testemunho histórico da vida nacional. O encontro acontece no dia 14 de maio, às 17h30, no mês seguinte ao sucesso da ida de Ney Matogrosso ao evento, que lotou o CCBB RJ.
Ainda estou aqui foi lançado em 2015, venceu, entre outros prêmios, o Jabuti e o Shell, e caiu nas graças do grande público mais recentemente pelo filme homônimo do diretor Walter Salles. Para a curadora e mediadora do Clube de Leitura, Suzana Vargas, nossa história recente “nunca esteve tão bem retratada como nessa espécie de crônica intima e testemunhal”. Já a jornalista Juliana Dal Piva, diz Suzana, nos mostra um retrato fartamente documental desse “crime sem castigo” cometido contra o pai de Marcelo, o deputado Rubens Paiva.
“Creio que o entrecruzar de gêneros literários distintos (memórias e textos documentais) nos quais o mesmo fato possui abordagens subjetivas e objetivas pode lançar luz sobre nosso tempo presente. Busca-se, de fato, aguçar nossa percepção um tanto embaçada (por muitos) sobre o que, de verdade, significa vivermos em um país democrático, com liberdade de expressão”, reforça Suzana Vargas, que, este ano, também tem a proposta de pensar as diversas conexões que a literatura faz com todas as artes, entre elas o cinema.
Juliana Dal Piva lembra como a literatura tem o poder de emocionar e aproximar as pessoas de uma violência que pode parecer longe, mas, pelo contrário, pode estar próxima. “É impossível não se colocar no lugar da família Paiva e imaginar o que é ter a vida transformada pela perda de um familiar em meio a uma violenta ditadura. O livro e o filme do Marcelo trazem para o público esse sentimento, a empatia com essa família e deixam a brutalidade da ditadura bastante compreensível. O meu trabalho é a investigação do caso, acredito que me somo nesse sentido, na busca por justiça”, conta a autora de Crimes sem Castigo, que se diz muito honrada de participar com Marcelo do Clube.
Um dos objetivos de um Clube de Leitura é ler livros que conectem o público e sensibilizem sobre a realidade do país e do mundo. As obras de ambos os autores do Clube de maio do CCBB têm esse potencial que, colocado em discussão, traz à tona um presente muitas vezes turvado pela desinformação.
Marcelo fará sua participação on-line, em tempo real, e dividirá o debate com os mediadores Suzana Vargas e Rámon Nunes Mello, além de Juliana Dal Piva. O encontro acontece na quarta-feira, dia 14 de maio de 2025, a partir das 17h30, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ). A entrada é gratuita e os ingressos ficam disponíveis a partir das 9h da manhã do dia do evento.
*Clube de Leitura CCBB completa quatro anos reforça a interface entre as artes por meio de palavras e se firma como evento internacional de leitura
Com mediação de Suzana Vargas, também curadora do evento, e do poeta Rámon Nunes Mello, a edição de 2025 do Clube de Leitura CCBB pretende trabalhar as relações da literatura com as outras artes: música, teatro, cinema. O objetivo, segundo Suzana, é levar o público leitor a perceber como a palavra rege quaisquer manifestações artísticas.
“Clássicos da literatura, autores contemporâneos, dramaturgos, escritores que expressam parte da alma brasileira, poetas do cotidiano estão programados para essa nova temporada. Com ela pensamos atingir um público mais amplo, diverso, bem como fazer com que os livros sejam compreendidos mais além de suas fronteiras escritas”, antecipa a curadora.
No ano em que a cidade do Rio de Janeiro recebe a nomeação de Capital Mundial do Livro, o Clube de Leitura CCBB, com patrocínio do Banco do Brasil, trará ao país outros escritores internacionais ao longo do ano nos seus encontros mensais, como mais uma forma de contribuir para a visibilidade da leitura como importante veículo de conhecimento e cidadania. “A Biblioteca Banco do Brasil, instalada no 5º andar do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro hoje disponibiliza mais de 250 mil títulos ao público frequentador, gratuitamente, e é uma das bibliotecas com maior extensão de funcionamento diário – das 9h às 20h, incluindo sábados, domingos e feriados. Em 2024, foram mais de 126 mil leitores atendidos. A iniciativa do Clube de Leitura CCBB, criado em 2022, tem se mostrado cada vez mais relevante para aproximar o público frequentador do CCBB das artes literárias, popularizando o tema, o tornando acessível e contribuindo para a reflexão sobre a importância da leitura no mundo contemporâneo”, afirma Sueli Voltarelli, Gerente Geral do CCBB Rio de Janeiro.
Os vídeos dos encontros ficarão disponíveis, na íntegra, no YouTube do Banco do Brasil. O projeto vai até dezembro de 2025 e os encontros presenciais são realizados na segunda quarta-feira de cada mês. Entre os autores já confirmados estão José Miguel Wisnik, Daniel Munduruku e Scholastique Mukasonga.
Sobre os livros:
Ainda estou aqui: Eunice Paiva é uma mulher de muitas vidas. Casada com o deputado Rubens Paiva, esteve ao seu lado quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso por agentes da ditadura, a seguir torturado e morto. Em meio à dor, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas. Nunca chorou na frente das câmeras. Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num momento obscuro da história recente brasileira para contar? e tentar entender? o que de fato ocorreu com Rubens Paiva, seu pai, naquele janeiro de 1971.
Crime sem Castigo: como os militares mataram Rubens Paiva: A inédita abertura de um processo por homicídio e ocultação de cadáver do ex-deputado federal Rubens Paiva, em 26 maio de 2014, trilhou um novo caminho no Judiciário brasileiro para a impunidade contra os crimes cometidos por militares durante a ditadura iniciada em 1964. Foi a primeira vez que um juiz instaurou uma ação para punir criminalmente um assassinato cometido naquele período. No Brasil, depois da Lei de Anistia de 1979, uma interpretação bastante estrita dessa legislação impediu durante décadas que investigações sobre casos de mortos e desaparecidos fossem feitas pelas autoridades constituídas após a Constituição de 1988. Como bem mostrou o filme Ainda estou aqui, o engenheiro e ex-deputado federal Rubens Paiva foi levado de sua casa no Rio de Janeiro por um grupo de militares sob os olhos apreensivos de sua família em 20 de janeiro de 1971. Nunca mais voltou. Descobrir o que ocorreu com ele depois disso tornou-se uma missão para sua família. Em especial, para sua mulher, Eunice Paiva. Neste livro estão esmiuçadas milhares de páginas sobre as investigações feitas desde 1971 sobre o desaparecimento do ex-deputado. Também está relatado como a ditadura monitorou de perto cada passo dos interessados em desvendar o caso para garantir que não se chegasse à verdade. Apenas em 2014, o grupo de Justiça de Transição do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro conseguiu concluir o caso apontando cinco militares pelo assassinato de Rubens Paiva.
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Sobre o Clube de Leitura CCBB
Os encontros do Clube acontecem no Salão de Leitura da Biblioteca Banco do Brasil, localizada no quinto andar do CCBB Rio, até dezembro, sempre na segunda quarta-feira de cada mês, com entrada gratuita, mediante retirada dos ingressos na bilheteria do CCBB RJ ou pelo site bb.com.br/cultura. A mediação é da curadora Suzana Vargas e do poeta Ramon Nunes Mello e o microfone será aberto para a plateia nos 30 minutos finais dos encontros. A gravação integral será disponibilizada no canal do Banco do Brasil no YouTube, na semana seguinte ao evento. Em 2024, 2515 pessoas participaram presencialmente do Clube e foram feitos milhares de acessos na playlist dele. A edição do ano passado recebeu os escritores Marilene Felinto, Eliana Alves Cruz, Viviane Mosé, Eliane Potiguara, Eliane Brum, Anapuaká Tupinambé, Lilian Schwarcz, Beatriz Resende, Luiz Fernando Soares, Nadia Batella Gontlib, Melina Dalboni, Tom Grito, Rita Von Hunty e Ramon Mello, Luiz Eduardo Soares, MV BillLeonardo Padura, Rodrigo Labriola, Pepetela, Carmen Tindó, Jeferson Tenório e Itamar Vieira Jr., Frei Betto e Magali Cunha.
A Biblioteca Banco do Brasil foi fundada em 1931, voltada para as áreas de Administração, Finanças e Economia. Com a criação do Centro Cultural, em 1989, o acervo foi ampliado para as áreas de Artes, Literatura e Ciências Sociais e hoje possui mais de 250 mil exemplares, em constante atualização, ocupando todo o quinto andar deste prédio centenário.
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Sobre o convidado
Marcelo Rubens Paiva é escritor, dramaturgo e roteirista. Autor de uma extensa lista de romances, além de peças teatrais e roteiros para o cinema e a TV, recebeu prêmios importantes, como Jabuti, Prêmio Shell, Moinho Santista e da Academia Brasileira de Letras. Suas obras foram adaptadas para o cinema, teatro e séries de TV, e traduzidas para o inglês, espanhol, francês, italiano, alemão e tcheco. É autor, entre outros, dos romances Feliz Ano Velho (1982) -- com mais e 1,5 milhão de exemplares vendidos --, Blecaute (1986), Ainda Estou Aqui (2015), Meninos em Fúria (2016), em parceria com Clemente Tadeu Nascimento e Do começo ao fim (2022). Em 2024, Ainda estou aqui ganhou adaptação para o cinema, com direção de Walter Salles, e foi vencedor do prêmio de melhor roteiro na 81ª edição do Festival de Veneza. É pai de Joaquim e Sebastião, e vive em São Paulo.
Juliana Dal Piva é jornalista formada pela UFSC com mestrado no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da FGV-Rio. Atualmente, é repórter do Centro Latino-americano de Investigação Jornalística (CLIP) e colunista do ICL Notícias. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. Venceu diversos prêmios de jornalismo. Entre eles, o prêmio Relatoría para la Libertad de Expresión (RELE), da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, em 2019. Apresentadora do podcast A vida secreta do Jair e autora dos livros O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro, best-seller em 2022 e finalista do prêmio Jabuti de 2023, e, ainda, de "Crime sem castigo: Como os militares mataram Rubens Paiva", da editora Matrix, de 2025, também na lista de livros mais vendidos da revista Veja..
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Sobre os mediadores
Suzana Vargas é poeta, ensaísta, escritora e professora e mestre em Teoria Literária pela UFRJ. Publicou 16 livros, entre os quais Caderno de Outono, finalista do prêmio Jabuti. Tem poemas traduzidos em países como Itália, Estados Unidos, Espanha, Alemanha e França. Fez a curadoria de importantes projetos literários para feiras e eventos nacionais e internacionais como as Bienais do Livro do Amazonas, do Rio de Janeiro e de São Paulo, a Primavera dos Livros, a campanha Paixão de Ler e os Encontros com a Literatura Latino-Americana do Centro Cultural do Banco do Brasil. Assina a coluna mensal “Escrever para Lembrar” no portal Publishnews - 2021. Há 29 anos criou e coordena o espaço de oficinas de criação literária Estação das Letras, único no país.
Ramon Nunes Mello é poeta, escritor e ativista dos direitos humanos. Autor dos livros Vinis mofados, Poemas tirados de notícias de jornal, Há um mar no fundo de cada sonho e A menina que queria ser árvore. Organizou Tente entender o que tente dizer: poesia + hiv / aids (2018), Ney Matogrosso, Vira-Lata de Raça – memórias (2018) e Escolhas, autobiografia intelectual de Heloisa Buarque de Hollanda. Poeta convidado do Rio Occupation London no Battersea Arts Centre (Londres, 2012) e da Festa Literária Internacional de Paraty (2016).
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SOBRE O CCBB RJ
Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro marca o início do investimento do Banco do Brasil em cultura. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro. São 35 anos ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura com uma programação relevante, diversa e regular nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e ideias. Quando a cultura gera conexão ela inspira, sensibiliza, gera repertório, promove o pensamento crítico e tem o poder de impactar vidas. A cultura transforma o Brasil e os brasileiros e o CCBB promove o acesso às produções culturais nacionais e internacionais de maneira simples, inclusiva, com identificação e representatividade que celebram a pluralidade das manifestações culturais e a inovação que a sociedade manifesta. Acessível, contemporâneo, acolhedor, surpreendente: pra tudo que você imaginar.?
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SERVIÇO:
Clube de Leitura CCBB 2025 – Marcelo Rubens Paiva (participação online) e Juliana Dal Piva
Encontro presencial – 14 de maio de 2025
Às 17h30
Evento Gratuito
Classificação indicativa: Livre
Ingressos disponíveis na bilheteria do CCBB ou pelo site bb.com.br/cultura a partir das 9h do dia do encontro.
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro.
Biblioteca Banco do Brasil – 5º andar
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