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A cantora Nana Caymmi, uma das maiores intérpretes da Música Popular Brasileira, faleceu nesta quinta-feira, 1º de maio de 2025, no Rio de Janeiro, aos 84 anos. Internada desde agosto do ano passado na Casa de Saúde São José, em Botafogo, Zona Sul da cidade, ela enfrentava uma série de complicações de saúde, entre elas arritmia cardíaca, infecções e uma overdose de opioides.
A morte de Nana encerra uma trajetória marcada por sensibilidade e talento, construída ao longo de seis décadas de carreira e profundamente entrelaçada à história da música brasileira.
Herança musical e início da carreira
Filha do compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana nasceu em 29 de abril de 1941, no Rio de Janeiro. Criada em um ambiente musical, ela estreou artisticamente em 1960, ao gravar a canção "Acalanto" com o pai, iniciando uma carreira que a consagraria como uma das vozes mais marcantes da MPB.
Ao lado dos irmãos Dori e Danilo Caymmi, Nana formou um dos clãs mais respeitados da música nacional. Mas foi sua interpretação intensa, muitas vezes melancólica e visceral, que a destacou de maneira singular. Suas releituras de canções de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Tito Madi, entre outros, tornaram-se referência de sofisticação e emoção.
Seu último álbum, Nana, Tom, Vinícius (2020), reafirmou sua força artística mesmo na maturidade, revisitando clássicos com a mesma intensidade que marcou sua carreira.
Declínio da saúde e internação prolongada
Em julho de 2024, Nana foi internada por conta de uma arritmia cardíaca e submetida à implantação de um marca-passo. Após uma breve alta, retornou ao hospital para novos procedimentos, incluindo um cateterismo. Em agosto, foi levada à UTI devido a uma infecção urinária. O quadro se agravou com o tempo e, apesar de algumas melhoras pontuais, como momentos de respiração sem auxílio de aparelhos, seu estado geral se deteriorou ao longo dos meses.
Uma overdose de opioides, relatada por seu irmão Danilo Caymmi, comprometeu ainda mais sua recuperação. Segundo ele, Nana era mantida longe de notícias tristes, dada sua extrema sensibilidade emocional. Em fevereiro deste ano, Danilo revelou, em entrevista, que a irmã estava “muito mal” e que sua condição estava ligada também a comorbidades associadas à obesidade.
Comoção e homenagens
A confirmação da morte de Nana gerou grande repercussão no meio artístico. Sua sobrinha, a também cantora Alice Caymmi, com quem teve desentendimentos no passado, publicou uma homenagem tocante nas redes sociais: “Sua voz sempre será minha inspiração”. Já Danilo descreveu os últimos meses como “muito difíceis” e destacou o esforço da família e da equipe médica durante o processo.
A Casa de Saúde São José, onde a artista passou os últimos meses de vida, divulgou uma nota de pesar, reconhecendo sua importância para a cultura nacional e ressaltando o cuidado dedicado a ela.
Legado artístico e impacto cultural
Nana Caymmi construiu uma carreira sólida, com álbuns icônicos como Mudança dos Ventos (1980) e Voz e Suor (1983), transitando com maestria entre a bossa nova, o samba e a canção romântica. Sua última gravação, A Lua e Eu, lançada em 2024 em parceria com Renato Braz, demonstrou que, mesmo debilitada, sua entrega artística permanecia intacta.
Desde que se afastou dos palcos em 2016, após a retirada de um tumor no estômago, Nana continuou gravando e sendo lembrada como uma intérprete intensa e inigualável. Sua versão de Resposta ao Tempo, de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos, é frequentemente citada como uma das interpretações definitivas da música brasileira.
Mais do que uma cantora, Nana Caymmi foi uma contadora de emoções. Sua voz, ao mesmo tempo forte e delicada, se tornou sinônimo de verdade artística — e seguirá ecoando nos discos, nas lembranças e nos corações de gerações que aprenderam a sentir com sua música.
Fonte: Urbsmagna
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