Pan Rio-Niterói 2031 sem Linha 3 do Metrô : Plano de R$ 3,8 bilhões exclui grandes obras de mobilidade

Metrô e VLT ficam de fora dos investimentos previstos para os Jogos Pan-Americanos, revelando foco em infraestrutura esportiva sem "elefantes brancos"

A candidatura conjunta de Rio de Janeiro e Niterói para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2031 foi oficialmente apresentada com um orçamento estimado em R$ 3,8 bilhões, mas importantes obras de mobilidade urbana, como a Linha 3 do Metrô e a expansão do VLT, não estão incluídas neste montante. O dossiê de 400 páginas entregue à Organização Desportiva Pan-Americana (Panam Sports) menciona estas intervenções, porém sem incluí-las no planejamento financeiro do evento.

Conforme revelado no documento divulgado nesta quinta-feira (02/05/2025), o projeto segue a filosofia de evitar gastos excessivos e a criação de "elefantes brancos", priorizando o uso de instalações já existentes, principalmente aquelas construídas para os Jogos Olímpicos de 2016. Entre as obras estruturantes citadas, mas não orçadas, estão a construção da Linha 3 do Metrô (Rio-Niterói-São Gonçalo), a transformação dos corredores de BRT Transcarioca e Transoeste em VLT e a conclusão do primeiro trecho do VLT de Niterói.

A Linha 3 do Metrô, que incluiria um trecho subaquático na Baía de Guanabara, é um projeto discutido desde 1968, antes mesmo da inauguração do primeiro trecho metroviário do Rio. Em 2013, o governo estadual estimou o custo dessa ligação em R$ 2,57 bilhões, valor que certamente seria muito superior hoje. Vale lembrar que o metrô é de competência estadual, e o governo fluminense ainda lida com pendências das Olimpíadas de 2016, como a conclusão da estação Gávea.

O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, destacou que, apesar da ausência dessas obras no orçamento principal, o evento trará benefícios para a infraestrutura regional: "Teremos um legado de infraestrutura urbana, esporte e mobilidade que vai ultrapassar as cidades-sede e se estender para toda a Região Metropolitana", afirmou.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, enfatizou a experiência da cidade na organização de grandes eventos esportivos: "A nossa experiência na organização de Jogos Olímpicos e Paralímpicos, com certeza, nos ajuda. Mas também queremos aprender com todas as nações das Américas, ouvir sugestões e partilhar conhecimentos."

De acordo com o planejamento, as competições serão distribuídas em cinco zonas: Barra, Copacabana, Deodoro, Porto Maravilha e Niterói. A Vila Pan-Americana será construída na Zona Portuária do Rio, com sete torres residenciais e 2.083 apartamentos para acomodar 7.500 atletas e 2.800 oficiais. Os Jogos Pan-Americanos estão previstos para ocorrer entre 8 e 24 de agosto de 2031, seguidos pelos Jogos Parapan-Americanos de 7 a 16 de setembro.

O secretário municipal de Esportes, Guilherme Schleder, reforçou a estratégia financeira: "Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 nos deram a fórmula para organizar um grande evento: nenhum desperdício de recurso público, muita parceria com a iniciativa privada para investimentos, instalações esportivas eficientes e o maior número de legados possível."

A candidatura Rio-Niterói agora entra na fase de campanha internacional para conquistar o apoio dos 41 Comitês Olímpicos Nacionais que compõem o colégio eleitoral da Panam Sports, totalizando 53 votos, já que países que já organizaram a competição têm direito a dois votos.

Legados previstos além da infraestrutura

Um dos principais compromissos da candidatura é o desenvolvimento esportivo continental, com programas de intercâmbio e formação técnica entre os países das Américas. A iniciativa envolverá o Comitê Rio-2031, o Comitê Olímpico do Brasil (COB), o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e as confederações esportivas brasileiras.

Isabel Swan, vice-prefeita de Niterói e medalhista olímpica de bronze em Pequim-2008, destacou a importância do evento: "O esporte faz parte da nossa vida e é fundamental para formar cidadãos. Sediar um evento como os Jogos Pan-Americanos traz investimentos e deixa um legado que oferece não só estrutura para quem já é atleta, mas estimula as gerações futuras."

O projeto também prevê a ampliação dos Ginásios Educacionais Olímpicos, que atualmente atendem mais de seis mil alunos em 12 escolas do Rio de Janeiro, com a construção de cinco novas unidades em Niterói.

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