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No dia 8 de dezembro, o grupo Hay’at Tahrir al-Sham (HTS), uma frente rebatizada da Al-Qaeda, assumiu o controle de Damasco, marcando o fim do governo de Bashar al-Assad. Esse desfecho não representa uma revolução popular, mas sim o resultado de anos de planejamento estratégico e financiamento maciço de iniciativas como a Operação Timber Sycamore, liderada pela CIA.
Essa narrativa não deve ser romantizada como uma conquista pela liberdade. A queda de Assad simboliza um capítulo obscuro de manipulações geopolíticas guiadas por interesses globais, que fomentaram o caos, empoderaram grupos terroristas e expuseram os cristãos sírios a um risco existencial.
Em 2012, um memorando da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA revelou que “os salafistas, a Irmandade Muçulmana e a Al-Qaeda no Iraque são as principais forças que impulsionam a insurgência na Síria”. Apesar disso, os Estados Unidos forneceram financiamento e armas a esses grupos, cientes de seu extremismo. Jake Sullivan, atual assessor de segurança nacional de Joe Biden, admitiu em um e-mail a Hillary Clinton que “a Al-Qaeda está do nosso lado na Síria”. O objetivo era claro: destituir Assad, que se opunha aos interesses estratégicos ocidentais.
O “crime” de Assad foi rejeitar a construção de um gasoduto ligando o Catar à Turquia, que atravessaria a Síria, ameaçando a dominância energética da Rússia na Europa. Assim, a guerra civil síria tornou-se o palco de uma disputa energética disfarçada de luta pela democracia.
Israel também desempenhou um papel direto na crise. O então primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que a queda de Assad foi “um resultado direto dos golpes que infligimos ao Irã e ao Hezbollah”. Durante anos, Israel forneceu armas a rebeldes sírios e tratou combatentes da Frente Al-Nusra, ligada à Al-Qaeda, em seus hospitais.
A Turquia, sob o governo de Recep Tayyip Erdo?an, priorizou sua luta contra os curdos, permitindo que o HTS avançasse sobre Aleppo. As ambições regionais de Erdo?an transformaram a Síria em um campo de batalha para interesses externos.
Sob o regime de Assad, os cristãos sírios gozavam de proteção. Com sua queda, enfrentam perseguições, deslocamentos forçados e a destruição de igrejas — um cenário que ecoa o que ocorreu no Iraque após a invasão liderada pelos EUA. O senador Rand Paul alertou: “De repente, teremos outro estado islâmico onde os cristãos serão perseguidos”. Com o colapso do governo de Assad, essa previsão se torna realidade.
A instabilidade na Síria ameaça não apenas o Oriente Médio, mas também a Europa, o Cáucaso e a Ásia Central. O vácuo de poder criado pela queda de Assad facilita a expansão de grupos jihadistas e evidencia os fracassos morais do intervencionismo ocidental, que destrói governos, fortalece extremistas e deixa nações em ruínas, como visto na Líbia e no Iraque.
A mídia ocidental desempenhou um papel fundamental ao rebranding do HTS como “rebeldes moderados”, ocultando sua ideologia jihadista. Essa narrativa justificou anos de intervenções desastrosas e camuflou a destruição causada por governos e interesses corporativos globais. O presidente Donald Trump advertiu: “Os Estados Unidos não deveriam ter nada a ver com isso. Essa não é nossa luta”. Contudo, sucessivos governos ignoraram seus alertas, levando ao desastre atual.
Organizações cristãs e grupos de defesa dos direitos humanos precisam agir imediatamente:
• Mobilizar ajuda humanitária para os cristãos sírios deslocados;
• Exigir proteção para minorias religiosas;
• Expor as narrativas enganosas da mídia e de governos.
A queda de Assad não representa uma vitória, mas o início de uma tragédia ainda maior para a Síria e para o mundo. A destruição da Síria é um crime moral e político, e os responsáveis devem ser responsabilizados. É hora de enfrentar os fatos e agir.
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