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Em meio à crescente valorização dos vinhos nacionais, a vinícola Innvernia, localizada na Serra da Mantiqueira, em Espírito Santo do Pinhal, interior de São Paulo, vem conquistando apreciadores com uma produção que une técnicas refinadas e características singulares. Comandada por Fernando Cordeiro, a marca utiliza a estrutura da Santa Augusto em Santa Catarina para a produção de espumantes, apresentando ao mercado produtos que demonstram o potencial da enologia brasileira. O espumante que tem chamado atenção é elaborado com um blend de 30% de Pinot Noir e 70% de Chardonnay, combinação tradicionalmente utilizada em champagnes franceses, mas que ganha personalidade própria nas mãos dos enólogos brasileiros.
"É um espumante comemorativo que a gente fez inicialmente e agora estamos voltando ao mercado para atender todo mundo." Um espumante que tem uma ótima entrega, bem refrescante", explica Fernando Cordeiro, representante da Innvernia, ao apresentar o Domaine, carro-chefe da marca. A degustação do produto durante entrevista concedida a Débora e Renata Barbosa para o Jornal da República revela um espumante de textura agradável, descrito pelos entrevistadores como "uma delícia, bem levinho", características que têm atraído consumidores em busca de opções nacionais de qualidade, com perfil mais fresco e elegante.
A trajetória de Fernando no mundo dos vinhos reflete uma tendência crescente de profissionais que encontram na enologia uma nova vocação. "Eu estava fazendo outras coisas na época." Trabalhei com várias coisas e tive uma proposta de sair da inércia. Me puxaram para o estudo: 'vamos estudar vinho, vamos estudar vinho'. Fui estudar vinho e agora estou trabalhando no mundo do vinho", relata o empresário, que encontrou nesse universo uma nova perspectiva profissional e pessoal. A influência familiar foi decisiva nessa transição: "Minha mãe é sommelière homologada pela ABS Brasil Rio de Janeiro, e ela é meu braço forte também para me tirar daquela calmaria na vida."
Além do espumante Domaine, a Innvernia apresenta um vinho tinto Pinot Noir elaborado com técnicas diferenciadas que destacam o caráter da uva. "É um vinho que tem uma elaboração um pouco mais complicada." Ele é feito por leveduras nativas, ou seja, a fermentação já é mais lenta. O processo de fermentação desse Pinot Noir é ausente de oxigênio, a gente chama de maceração carbônica ou fermentação anaeróbica", detalha Fernando. Nessa técnica, injeta-se gás carbônico no tanque cheio de uvas, expulsando todo o oxigênio e permitindo que a fermentação comece de dentro para fora da fruta. O resultado é um vinho surpreendentemente leve, com aromas de frutas frescas e vermelhas, que mantém um teor alcoólico de 13,4%, considerado alto para vinhos dessa tonalidade clara.
A estratégia de distribuição da Innvernia tem foco nos estabelecimentos da Zona Sul e Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde encontra um público mais receptivo a propostas enogastronômicas. "Quando você entrega um vinho com potencial, você tem que ter uma comida de potencial para acompanhar", justifica Fernando, mencionando pontos de venda já estabelecidos como o Bota na Marina da Glória, Excelenza, Casa Camolés e O Bão, restaurante de culinária afetiva em Copacabana. Ele reconhece os desafios de expandir para outras regiões: "Zona Norte é mais complicada, é tudo muito fechado." Até porque quem consome esse tipo de vinho e mora na Zona Norte, ele procura consumir na Zona Sul", observa o sommelier e representante comercial, destacando que sua estratégia comercial considera não apenas o consumidor, mas também a proposta gastronômica dos estabelecimentos.
Fernando Cordeiro defende com entusiasmo que os vinhos brasileiros merecem maior atenção do consumidor nacional: "Temos ótimas coisas do Brasil sendo produzidas, que a gente precisa dar essa atenção." Eu acho que o vinho brasileiro precisa de uma atenção dos brasileiros, principalmente". Esta valorização, segundo ele, passa não apenas pela qualidade intrínseca das bebidas, mas também pelo contexto de consumo, que agrega valor à experiência. "Você vai, além de estar tomando um vinho e comendo uma coisa legal, procurar uma vista para estar tomando aquele vinho, vai procurar estar perto da praia, ver amplitude." Isso tudo colabora com a venda de um vinho", finaliza o empresário, convidando os brasileiros a descobrirem o potencial dos vinhos nacionais, seja nos restaurantes selecionados ou mesmo em casa, onde o consumo também é possível e acessível para quem aprecia a bebida.
Por Robson Talber @robsontalber entrevista Débora Barbosa @chefdeborabarbosa e Renata Barbosa @beleza.naotemidade
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