Do trono do Momo aos microfones: Wilson Neto reinventa sua presença na folia carioca

`Eterno Rei Momo` do Rio de Janeiro revela desafios da transição para a comunicação e fala sobre o reconhecimento duradouro do público

Em meio às celebrações do aniversário do influenciador Urieel Elias, o Jornal da República teve a oportunidade de conversar com uma figura emblemática do carnaval carioca: Wilson Neto, carinhosamente conhecido como o "Eterno Rei Momo" do Rio de Janeiro. Em entrevista exclusiva, Wilson revelou como sua trajetória no reinado do carnaval abriu portas para novas oportunidades profissionais, especialmente na comunicação, onde atualmente apresenta eventos significativos do calendário carnavalesco da cidade. A transição de monarca da folia para comunicador representa não apenas uma evolução pessoal, mas também um movimento cada vez mais comum entre personalidades do carnaval que buscam perpetuar sua presença no universo cultural que os projetou.

"Ser Rei Momo me deu várias ramificações, e uma delas foi apresentar. Sou proveniente daquele palco, daquele povo que é a corte do carnaval, e eles me convidaram, então, como Eterno Rei Momo, a apresentar esse concurso", explica Wilson, referindo-se ao processo seletivo da corte carnavalesca, evento que ocorre anualmente para escolher o Rei Momo, a Rainha e as Princesas que representarão oficialmente o carnaval carioca. A experiência como apresentador expandiu-se recentemente para outro evento de grande visibilidade: "A LIESA me fez o convite também de apresentar os ensaios técnicos da Marquês de Sapucaí." Te confesso que foi difícil para caramba, mas continuo aprendendo, me reformulando e conseguindo galgar esse espaço tão gostoso que é da comunicação", revela o ex-monarca.

A modéstia com que Wilson Neto aborda seus novos desafios contrasta com o reconhecimento que ainda recebe por seu papel histórico como Rei Momo. Mesmo após anos afastado do trono oficial, sua identificação com o título permanece viva no imaginário popular. "Foi muito interessante eu estar no Mercadão de Madureira outro dia e ser reconhecido com esse título. Quando a gente está lá apresentando o concurso, a gente recebe muito carinho de todas as pessoas, dizendo e perguntando por que não voltar a essa localidade", comenta, demonstrando surpresa com a longevidade de sua imagem como monarca da folia. Apesar dos apelos, Wilson mantém uma postura humilde e focada na renovação: "Eu digo que o meu tempo já passou. A gente agora precisa ver caminhos para novos sambistas."

A conexão profunda de Wilson Neto com o universo do samba começou muito antes de sua coroação como Rei Momo, fator que explica sua autenticidade no papel e a identificação duradoura do público com sua figura. "Eu sou sambista desde os 8 anos de idade." Então eu costumo frequentar as escolas de samba com meus pais, com a minha família. E eu acho que isso fez com que as pessoas se sensibilizassem e me reconhecessem como verdadeiro sambista e como verdadeiro rei", reflete o comunicador, apontando para suas raízes familiares no samba como elemento fundamental para sua legitimidade no posto. Essa trajetória orgânica dentro das escolas de samba, iniciada na infância, representa um diferencial significativo em sua atuação, tanto como Rei Momo quanto em suas novas funções de comunicador.

Para especialistas em cultura popular, figuras como Wilson Neto desempenham papel crucial na preservação e transmissão das tradições carnavalescas. Ao transitarem entre diferentes funções no universo do carnaval - de monarcas a comunicadores - esses personagens ajudam a manter viva a memória da festa e suas transformações ao longo do tempo, funcionando como pontes entre gerações de foliões e sambistas. No caso específico dos Reis Momos, a posição historicamente representa não apenas a alegria e descontração próprias da folia, mas também carrega a responsabilidade de embaixador da maior manifestação cultural popular do país. A capacidade de Wilson de reinventar-se profissionalmente, mantendo viva sua identidade como "Eterno Rei Momo", exemplifica como o carnaval pode ser não apenas uma festa sazonal, mas um universo cultural que proporciona múltiplas possibilidades de atuação profissional e expressão pessoal.

Por Robson Talber @robsontalber repórter  Henrique Pianta @piantahp

Por Ultima Hora em 01/05/2025
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