Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que rola na sua região.
Em uma votação marcada por tensão e reviravoltas, o Parlamento alemão elegeu nesta terça-feira (6) o conservador Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU), como novo chanceler federal da Alemanha. Com isso, chega ao fim o governo social-democrata de Olaf Scholz (SPD), que durou apenas três anos.
Merz se torna o terceiro chanceler da CDU desde a reunificação alemã, em 1990, e estreia no cargo em meio a desafios internos profundos e à pressão crescente no cenário internacional — incluindo as ameaças tarifárias de Donald Trump e a concorrência com a indústria chinesa.
A eleição no Bundestag não foi simples: Merz falhou na primeira tentativa, recebendo 310 dos 316 votos necessários. Apenas na segunda rodada foi aprovado, com 325 votos dos 630 deputados — um sinal claro de fragilidade na nova coalizão “preto-vermelha”, formada por CDU, CSU e SPD.
Coalizão rachada e críticas por aceno à ultradireita
A chegada de Merz ao poder acontece após uma eleição antecipada provocada pela queda da antiga coalizão. O pleito foi influenciado por uma série de atentados violentos que reacenderam o debate sobre imigração na Alemanha.
Conhecido por suas posições duras, Merz foi acusado de romper o “cordão sanitário” contra a extrema-direita ao aceitar votos da ultradireitista AfD para aprovar uma moção anti-imigração. A reação foi imediata: protestos em diversas cidades e críticas até mesmo de Angela Merkel, ex-chanceler e rival histórica dentro da CDU.
Crise econômica e energia no centro do plano de governo
Além da migração, a economia é outro desafio-chave. A Alemanha enfrenta dois anos seguidos de recessão, alta nos custos de energia e risco de novas tarifas dos EUA. Em resposta, Merz sinalizou a retomada do uso de energia nuclear — encerrado oficialmente no país em 2023 — e já cogita reabrir negociações para importar gás da Rússia.
Em março, conseguiu aprovar um megaplano de investimentos no Parlamento, flexibilizando as regras fiscais alemãs para liberar verbas em áreas como defesa, infraestrutura e meio ambiente.
China no radar: comércio, tarifas e geopolítica
O novo chanceler assume justamente quando cresce a tensão comercial entre Europa, China e Estados Unidos. Berlim vem sendo pressionada por Washington a endurecer o tom com Pequim, ao mesmo tempo em que suas indústrias seguem dependentes de fornecedores e do mercado chinês.
Ainda é incerta a postura que Merz adotará frente à China. Mas há expectativas de uma guinada mais cautelosa, mantendo os laços econômicos sem ignorar os alinhamentos com os EUA — o que pode impactar diretamente o comércio sino-alemão e, por consequência, as relações da China com outros parceiros estratégicos, como o Brasil.
Novo gabinete e rumos para o país
O novo governo será dividido entre conservadores e social-democratas. O SPD comandará Finanças, Defesa, Meio Ambiente e Justiça, enquanto CDU e CSU ficaram com Relações Exteriores, Economia e Transportes. O Ministério do Interior ficará com Alexander Dobrindt, defensor do endurecimento nas fronteiras.
Aos 68 anos, Friedrich Merz volta ao centro do poder após mais de uma década longe da política ativa. Ex-diretor da BlackRock na Alemanha e voz crítica da era Merkel, Merz representa uma guinada conservadora e nacionalista — e terá pela frente o desafio de liderar uma Alemanha dividida, pressionada por dentro e observada de perto lá fora.
FONTE Opera Mundi
Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!