Porque o governo Bolsonaro impede o 5G? Internet brasileira com velocidade de carroça destrói a economia

Porque o governo Bolsonaro impede o 5G? Internet brasileira com velocidade de carroça destrói a economia

Enquanto Brasil 'sofre' para lançar 5G, Coreia do Sul e China anunciam internet 6G, a implantação do 5G no Brasil traria 205 mil empregos diretos e o recolhimento de R$ 70 bilhões em impostos e contribuições, a Ericsson estima que, até 2025, as empresas vão investir R$ 9,2 bilhões nas redes de quinta geração no Brasil.

O governo Bolsonaro escolheu adiar por quase dois anos o leilão das faixas de frequência do 5G, e as operadoras ainda não podem ampliar seus serviços.

Além de mudanças na economia, o 5G chega com a promessa de revolucionar todas as esferas da sociedade. Entre os especialistas e executivos, há o consenso que, para o consumidor final, o impacto mais perceptível será na velocidade, mas o usuário poderá notar uma conectividade muito maior entre múltiplos dispositivos. “As pessoas ainda não se deram conta do impacto que o 5G trará às nossas vidas. Com o 4G, essencialmente, conectamos as pessoas. No 5G, vamos conectar tudo. E quando digo tudo, é tudo mesmo: seres humanos, carros, relógios, fábricas. É a Internet das Coisas em sua completa definição”, completa Oyama.

A diferença na velocidade oferecida pelos serviços 4G e 5G é abissal, a escala da distância entre uma geração e a outra é imensa. O governo Bolsonaro irresponsavelmente atrasa todo o sistema tecnológico e de comunicação do Brasil apenas para bajular o ex-presidente Donald Trump numa briga inútil, contra a chinesa Huawei.

As principais operadoras de telefonia celular do País estão na mira da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, por propaganda enganosa. Com investigação já aberta contra a Tim, o órgão deve apurar a publicidade feita também por Claro, Oi e Vivo anunciando planos de internet 5G, tecnologia que ainda não está disponível de fato no Brasil.

TIM, Vivo, Oi e Claro entram na mira do governo por propaganda sobre 5G e o ministro das Comunicações, Fábio Faria, proibiu as operadoras de dizer que já começaram a oferecer a nova geração da telefonia celular em alguns lugares. Num vídeo que fez circular, sugere que é propaganda enganosa. Uma de suas cobranças é que tirem, dos aparelhos habilitados para a nova tecnologia, o indicativo “5G”.

Mas, como em todo canto do mundo, elas podem instalar o que se chama 5G DSS. É a nova tecnologia convivendo nas mesmas faixas do 4G. Quem tem celular mais antigo usará como antes. Quem tem os aparelhos novos — a Anatel já homologou 29 modelos 5G no país — terá 5G. Quando as novas frequências puderem ser usadas, a velocidade saltará para níveis que nem na banda larga fixa encontramos.

Outro problema está no pedido de “retirar” o indicador 5G dos aparelhos. Porque nenhuma operadora tem esse poder. É o software em aparelhos da Apple, Samsung, Motorola, ou seja que marca for, que identifica o protocolo que está recebendo. De novo: a especificação é técnica e internacional. A única forma de as operadoras retirarem o indicador é negando a seus clientes o serviço.

Evidentemente, o problema do ministro das Comunicações é outro. O Ministro quer aparecer no momento do leilão dizendo que foi ele quem trouxe 5G para o Brasil, mesmo que essa demora prejudique a todos os brasileiros, o governo segurou, tanto hesitou, que as companhias fizeram o que têm de fazer, e tudo com autorização da Anatel. Já puseram o produto na rua e estão vendendo.

De fato, o leilão do 5G promete ser o maior de radiofrequências em toda a história das telecomunicações no Brasil e o leilão com a maior oferta pública de capacidade para 5G no mundo, serão leiloadas quatro bandas: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz.

O 5G além de garantir até 20 vezes mais velocidade de download e upload, a tecnologia se destaca por ter uma cobertura mais ampla e conexões que não são instáveis e menor tempo de latência. Dessa forma, vários dispositivos podem se conectar na mesma rede, que por sua vez manterá a mesma estabilidade e velocidade para cada um desses aparelhos.

Além da burocracia nas leis e atraso para o leilão das frequências, outra questão que tem influenciado os planos de expansão do 5G no Brasil é a guerra comercial envolvendo os Estados Unidos e empresas da China – algo que se intensificou durante a administração do ex-presidente Donald Trump, que incentivou os países a não fecharem negócios com tais companhias. O impasse com a Huawei, que tem sede em Shenzhen, na China, durante 2020, o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, entre eles o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), se declararam abertamente contra o uso das tecnologias da Huawei sob o mesmo discurso ideológico: de que a infraestrutura será usada para monitorar governos e usuários.

O problema é que impedir a Huawei de participar do leilão do 5G no Brasil causaria um rombo bilionário para o governo e empresas de telefonia, já que mais da metade de toda a rede de infraestrutura no Brasil, que é da Huawei, precisaria ser trocada.

“A Huawei quer participar [do leilão]. Se o governo brasileiro boicotar a empresa, vai causar uma confusão enorme, além de prejudicar as relações com a China, que já estão fragilizadas”, diz Arthur Barrionuevo Filho, professor da FGV EAESP, em entrevista ao Gizmodo Brasil. “Na época do Barack Obama, que usava equipamentos da Huawei, já se falava dessa possibilidade, mas os aparelhos foram auditados e nada foi encontrado. Então tudo não passa de mera especulação”, completa.

A Huawei é hoje a maior fornecedora de tecnologia de infraestrutura para empresas de telefonia no Brasil.

Com o fim do mandato de Donald Trump nos EUA posicionamento do governo EUA parece ter mudado do discurso ideológico, e Bolsonaro parece que é o único que não mudou.

No início de dezembro, o vice-presidente Hamilton Mourão defendeu a participação da empresa chinesa na venda das frequências de 5G no País.

Na mesma época, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara, concordou com a fala do vice-presidente da República ao compartilhar uma postagem em que Mourão descrevia os custos para substituição dos equipamentos da Huawei no Brasil.

Atraso na economia e na educação

Independentemente de disputas políticas, atrasos no leilão, leis e outros pormenores, o 5G é uma evolução natural ao 4G e, portanto, um caminho inevitável. Mais do que melhorar a qualidade e velocidade das conexões móveis, a tecnologia provocará um salto na economia global nas próximas décadas. Não apenas do ponto de vista governamental e social, mas também por parte das empresas que forem atuar e fornecer recursos para a implementação, adesão e expansão das novas redes. Nesse cenário, se destacam três gigantes: Ericsson, Huawei e Nokia, sendo que a chinesa leva uma certa vantagem contra suas rivais.

Do ponto de vista econômico, o impacto será grande, diz o professor da FGV “As pessoas tendem a superestimar o impacto da mudança tecnológica a curto prazo e subestimá-lo a longo prazo. O 5G, tendo em vista o enorme aumento de velocidade e a baixa latência de resposta, vai acabar com as superstições envolvendo esses dois cenários. Imagine a potencialidade do processo produtivo em tempo real – é um negócio enorme. Com o decorrer do tempo, o 5G trará uma mudança significativa de hábito. É só olhar outras revoluções: quando veio o rádio e a TV, mudou muito o comportamento das pessoas, hábitos de consumo, publicidade e lazer. Com o 5G, vamos acompanhar essa mesma transformação”,

O relatório vai além e prevê que, nos próximos dez anos, o 5G responda por um aumento de 2,4% no PIB brasileiro.

A Qualcomm afirma que pretende investir 20% da receita bruta com o 5G. “Temos mais de 140 mil patentes relacionadas à tecnologia de quinta geração. Também temos um papel fundamental na padronização, pesquisa e desenvolvimento de tecnologias voltadas para o 5G”, destaca Oyama.

Via Gizmodo Brasil

Por Ultima Hora em 15/08/2021
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