Rainha Monique Rizzeto: da passarela do samba para a transformação social através do yoga

Destaque do carnaval, encontra nova missão social ensinando equilíbrio de corpo e mente para moradores de Vila Isabel

Do esplendor dos holofotes da Marquês de Sapucaí para a simplicidade de uma associação de moradores em Vila Isabel, a trajetória de Monique Rizzeto exemplifica como a conexão com o samba pode se transformar em ponte para ações sociais transformadoras. Conhecida pela beleza e pelo samba no pé que encantaram multidões durante os desfiles como rainha de bateria, Monique agora dedica parte significativa de seu tempo a ensinar yoga para a comunidade do bairro que abriga uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro. Em entrevista ao Jornal da República, a ex-majestade do carnaval revelou como essa nova fase de sua vida tem proporcionado realizações que vão muito além da fama conquistada na avenida.

"O carnaval é um movimento constante na minha vida." Então, pós-carnaval também existe um trabalho muito bonito na comunidade de Vila Isabel, no qual eu sou professora de yoga na associação de moradores do bairro", explica Monique, destacando que sua atuação transcende a preocupação com a estética ou com a performance corporal. "Lá a gente cuida de pessoas, a gente cuida não só da performance, não só do corpo, mas traz um bem-estar emocional, um equilíbrio. Eu trago o yoga no intuito de preencher, sabe? Preencher a alma, o corpo, um vazio que a gente sente às vezes, falta de alguma coisa", detalha a professora, revelando uma sensibilidade que contrasta com a imagem glamourosa normalmente associada às rainhas de bateria.

Para assumir essa nova função na comunidade, Monique investiu em formação especializada, demonstrando o comprometimento com a qualidade do trabalho oferecido. "Essa minha formação, que eu precisei estar estudando bastante, me formando para fazer a prática de yoga com eles", conta, evidenciando que sua atuação é baseada em conhecimentos técnicos adequados. Essa preparação acadêmica reflete um movimento cada vez mais comum entre personalidades do carnaval, que buscam diversificar suas atividades e contribuir socialmente com as comunidades que representam durante os desfiles, criando vínculos que perduram para além do período momesco e gerando impactos positivos duradouros nos territórios.

O que chama atenção no projeto desenvolvido por Monique é sua natureza essencialmente voluntária e desinteressada financeiramente. "Não se trata realmente de dinheiro." Eu sempre tive um sonho de fazer essa troca e realmente é uma troca muito bonita, é uma aprendizagem constante não só para mim, como para eles também", afirma, destacando o caráter recíproco da experiência. A ex-rainha ressalta que cada aula se transforma em um momento de conexão humana genuína: "É tão emocionante para mim que a cada aula eles trazem uma novidade, uma experiência, uma troca, um carinho." Isso para mim me deixa preenchida, me deixa feliz, e é gratificante. Não existe dinheiro que pague."

A filosofia que norteia o trabalho de Monique Rizzeto reflete uma mudança de perspectiva sobre o que realmente importa em sua trajetória pessoal e profissional. "Hoje em dia, para mim, o importante é ser, não ter", afirma, sintetizando uma visão que prioriza o impacto social e o bem-estar coletivo acima de conquistas materiais. "Ser uma pessoa que está ali, está hoje para servir o próximo, isso me deixa muito realizada e é o que eu busco." E cada vez mais essa troca me prende e me realiza", completa a ex-rainha de bateria, exemplificando como figuras públicas do carnaval podem utilizar sua visibilidade para promover transformações sociais significativas. Sua atuação representa uma tendência crescente de articulação entre o espetáculo do carnaval e iniciativas que contribuem para o desenvolvimento comunitário, estabelecendo pontes entre a tradição cultural e as necessidades sociais contemporâneas.

Por Robson Talber @robsontalber repórter  Henrique Pianta @piantahp

Por Ultima Hora em 01/05/2025
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