O palanque político da CPI do MST

O palanque político da CPI do MST

 

Animosidade

A primeira reunião da CPI, que vai investigar invasões de terra praticadas pelo MST, deu o termômetro do que poderão ser esses próximos 120 dias de trabalho. Realizada na tarde desta terça-feira, 23, a reunião em que foi apresentado o plano de trabalho pelo relator, o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), foi um festival de ataques, ofensas e conflitos entre bolsonaristas e governistas membros do colegiado.

'Não tem como não politizar, né!'

A declaração é do próprio presidente da CPI, deputado federal Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), dada em resposta ao questionamento feito pela Coluna durante entrevista coletiva. Ele afirmou que a ideia inicial é investigar as invasões à propriedade privada, "mas não sabemos como vai terminar."

Autopromoção

Para a deputada governista Sâmia Bonfim (Psol-SP), Ricardo Salles quer usar a CPI do MST como palanque político para antecipar a disputa pré-eleitoral em São Paulo, já que ele se apresenta como pré-candidato a prefeito da maior cidade da América Latina nas eleições municipais do próximo ano.

Cortina de fumaça

A maioria oposicionista e integrantes da bancada ruralista na Câmara dos Deputados que compõem a CPI das Invasões corre o risco de avançar a linha tênue entre o desequilíbrio e o objeto da investigação. Já a base aliada analisa que o grupo está se apegando na CPI como forma de abafar os recentes escândalos envolvendo o ex-presidente Bolsonaro e aliados.

 Em xeque

Já tá claro que a CPI vai ser politizada de ambos os lados e externar uma briga entre o bem e mal. E o presidente, deputado Zucco, já começa tendo que explicar seu envolvimento em apoio e patrocínio a atos antidemocráticos no Rio Grande do Sul e, em Brasília. O ministro Alexandre de Moraes, do TSE, autorizou a PF a investigar o envolvimento do deputado nesses atos anarquistas.

Saiu pela tangente 

Ao tentar se defender da suposta acusação, Tenente-Coronel Zucco se disse "surpreso" com a decisão de Moraes e afirma que é notícia "requentada porque se referem a postagens feitas em 2022 e que já estavam esclarecidas.

E a CPI, afinal?

No plano de trabalho apresentado por Salles estão previstas diligências nos Estados onde as invasões são frequentes e corriqueiras e também assentamentos de terra. Ele adiantou que amanhã serão votados requerimentos para convocar os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e o do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.

 Alerta amarelo

E por falar nesses dois ministérios, o governo federal vai ter que correr pra não chorar o leite derramado com a "rearrumação" que o relator, deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-A) fez com alguns ministérios, dentro da MP que cria novas pastas e extingue a Funasa. Ele fatiou ministérios como o do Desenvolvimento Agrário e o de Meio Ambiente, por exemplo, deixando-as quase sem função. A votação do relatório, que seria hoje, foi adiada.

Não tem pra onde correr

O ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) vai ter que cumprir a pena de 8 anos e 9 meses de prisão determinada há um ano pelo STF, mas postergada pelos recursos e o indulto presidencial concedidos por Bolsonaro, mas que foi derrubado há duas semanas pela própria corte do Supremo. A ordem partiu de Alexandre de Moraes.

Extra! Extra!

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) garante que o projeto do novo arcabouço fiscal será votado ainda na noite desta terça-feira no plenário da casa. Ele afirmou que um novo parecer do relator, Cláudio Cajado (PP-BA), será apresentado até às 20h de hoje. Pela vontade política de todos, essa sessão será uma daquelas que se desenha entrar pela madrugada.

Por Coluna Valéria Costa em 23/05/2023
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