Da praia à matemática: prefeito inventa fórmula para calcular 1,6 milhão no show de Lady Gaga

Paes ironiza críticos com "fórmula matemática" para calcular público em eventos

Paes ironiza críticos com "fórmula matemática" para calcular público em eventos

Com humor e provocação, gestor municipal defende números oficiais de grandes eventos em Copacabana

Em uma demonstração de seu conhecido estilo irreverente, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), recorreu ao humor e à ironia para rebater críticas sobre as estimativas de público divulgadas pela prefeitura em grandes eventos. Através de seu perfil oficial no X (antigo Twitter), Paes compartilhou neste domingo (04/05/2025) uma complexa "fórmula paramétrica" que, segundo ele, seria utilizada para calcular o número de pessoas presentes em eventos como o megashow de Lady Gaga, realizado no sábado em Copacabana.

"Fico tão feliz quando a @folha reconhece os números da @Prefeitura_Rio! Qualquer dificuldade, abaixo a fórmula paramétrica que criei pessoalmente para esse cálculo! Pela atenção, obrigado!", escreveu o prefeito, mencionando ainda dois de seus auxiliares: "@ferreirinharj e @tatiroque, peço que fiquem atentos para reforçar meus cálculos!", completou, referindo-se ao secretário de Educação, Renan Ferreirinha, e à secretária de Ciência e Tecnologia, Tatianna Roque.

A publicação foi uma resposta direta a uma reportagem da Folha de S.Paulo que abordou os métodos utilizados pela administração municipal para estimar multidões em eventos de grande porte. No caso do show de Lady Gaga, a prefeitura anunciou a presença de 1,6 milhão de pessoas em Copacabana, número que gerou controvérsia nas redes sociais e entre especialistas.

A "ciência" por trás dos números

A suposta equação compartilhada por Paes inclui 17 parâmetros que, em tom de brincadeira, influenciariam a contagem de público. Entre as variáveis listadas estão elementos como "P(t): estimativa da quantidade de pessoas no evento ao longo do tempo", "A_c: área útil da praia ocupada pelo público", "D_p: densidade média de pessoas por metro quadrado", além de fatores mais subjetivos como "\alpha: fator de atração da atração artística" e "\eta: engajamento emocional das pessoas".

A fórmula fictícia também inclui elementos que parecem satirizar o debate público sobre o tema, como "\delta e \gamma: impacto das redes sociais e da (des)informação na mobilização do público" e "\psi(t): dispersão momentânea causada por fatores externos como clima e segurança".

Embora claramente irônica, a elaborada equação matemática serve como uma provocação aos críticos que frequentemente questionam os números divulgados pela prefeitura em eventos na orla carioca, sugerindo que há um método científico por trás das estimativas oficiais.

Disputa narrativa e importância estratégica dos números

O episódio evidencia uma disputa narrativa que se tornou recorrente na gestão Paes: a credibilidade e os critérios adotados para medir a quantidade de pessoas presentes em shows, celebrações e festividades públicas na cidade. Segundo a reportagem da Folha mencionada pelo prefeito, as estimativas do governo municipal têm como base imagens de satélite, análise de fluxo e histórico de eventos anteriores — metodologia semelhante à adotada por órgãos como o IBGE e o próprio governo federal em outras ocasiões.

Para além da brincadeira, os números têm importância estratégica para a administração municipal. Estimativas de público expressivas ajudam a justificar investimentos em turismo e infraestrutura, além de projetar imagem positiva da gestão. No caso do show de Lady Gaga, a prefeitura investiu R$ 15 milhões como patrocínio e divulgou que o evento movimentaria cerca de R$ 600 milhões na economia local.

A estratégia comunicacional de Paes, ao tornar pública sua "fórmula", parece ironizar a complexidade do debate, ao mesmo tempo em que reafirma sua confiança nos dados divulgados pela prefeitura. O episódio também exemplifica o ambiente polarizado nas redes sociais, em que até mesmo métricas técnicas — como estimativas de público — se tornam motivo para embates políticos e narrativas concorrentes.

Eventos de grande porte como vitrine da gestão

Os grandes eventos realizados na orla de Copacabana têm sido uma marca da gestão Eduardo Paes, que frequentemente utiliza essas ocasiões como vitrine para projetar a imagem do Rio de Janeiro nacional e internacionalmente. Além do show de Lady Gaga, a cidade tem sediado festivais de música, celebrações de Ano Novo e outros eventos culturais de grande porte.

A prefeitura costuma divulgar números expressivos de público e impacto econômico desses eventos, destacando o potencial turístico da cidade e a capacidade de organização da administração municipal. No entanto, questões relacionadas à segurança, mobilidade urbana e infraestrutura também costumam ser alvo de críticas, especialmente quando há grande concentração de pessoas em espaços públicos.

Com sua publicação bem-humorada, Paes não apenas defende os números divulgados por sua gestão, mas também reforça seu estilo político característico, marcado pela informalidade e pelo uso estratégico das redes sociais para comunicação direta com os cidadãos.